sábado, 30 de junho de 2007

Nada substitui o "Talento"


Certamente você já ouviu essa frase, pelo menos na Rede Globo ao anunciar o Prêmio Profissionais do Ano.

duas décadas para ter um emprego bastava ter o colegial técnico, e por mais incrível que pareça para a juventude de hoje, bastava ter um curso profissionalizante do SENAI para ter um emprego melhor ainda! Dificilmente um aluno do SENAI, por pior que fosse, ficava sem emprego. Conheci vários que abandonaram o ensino regular para se dedicar ao SENAI, que era extremamente disputado, muito mais que várias escolas técnicas renomadas.

As coisas mudaram há pouco mais de uma década, e a partir de então para garantir um bom emprego, era necessário ter nível superior, mas pelo menos servia uma graduação qualquer. Claro que há universidades e universidades, e aqueles que ser formavam nas mais conceituadas eram (e ainda são) mais disputados pelo mercado de trabalho.

Surgiu a necessidade por línguas, então quem tinha faculdade e fluência principalmente em inglês, arranja emprego com mais facilidade.

Hoje além da graduação e de pelo menos ter fluência em inglês, a graduação deve ter pedigree, ou seja, ser de uma universidade conceituada, e ainda ter alguma tipo de pós-graduação, preferencialmente com pedigree. O que muitos que se graduaram em instituições “menores” é fazer a pós-graduação com pedigree para compensar a “falha” da graduação.

Faculdade, Universidade, MBA... aqueles que tiveram a capacidade (e não apenas intelectual, mas financeira também – mesmo em faculdade pública há vários gastos) de fazê-los, a conquista de um bom emprego não é um resultado, não é uma recompensa. Ter tudo isso significa apenas uma coisa: você está academicamente mais preparado para alçar um bom emprego, nada mais, nada menos.

Esse é o meu pensamento, minha diretriz, porém muitas pessoas não acham assim, mas exatamente ao contrário. Assim, considero que o talento tão aclamado acaba substituído por um pedaço de papel com o nome de uma instituição de tradição e renome, que também contém o nome da ciência que a pessoa se graduou. Em suma, é feita uma mistura onde talento se confunde com graduação em instituição com pedigree.

Meu pai, um contador que trabalhou nos últimos anos de sua vida como gerente (quando o cargo de gerente valia alguma coisa, já que hoje é totalmente banalizado), tinha um elemento simples na entrevista dos candidados: quais são os cinco elementos essenciais a um lançamento contábil? Muitos pós-graduados não sabiam o que dizer. Só houve um que respondeu de “bate e pronto” e ele foi admitido. Infelizmente pouco mais de um mês depois, esse funcionário foi demitido, por um simples fato: mentiu. Esse funcionário, tecnicamente muito competente, havia informado em sua proposta de emprego que tinha se graduado numa renomada faculdade, mas nunca levava os documentos para comprovar, até que um dia o responsável do RH comentou tal situação ao meu pai e pediu para que intercedesse, e consequentemente pressionou esse funcionário que finalmente falou a verdade: não era graduado (o que não era um problema para o meu pai) e que havia aprendido o ofício com o tio. Meu pai (como muitas pessoas) não suportava qualquer tipo de mentira, seja uma pequenininha ou uma gigantesca, e lamentou o fato pelo funcionário ser extremamente competente, mas o demitiu por ter mentido. Como confiar em alguém que começa um relacionamento mentindo?

Para o meu pai não era problema ter graduação, ele mesmo se graduou somente após o meu nascimento, já tinha meus dois irmãos e ainda ajudava a mãe dele e uma penca de irmãos. O que importava para ele era a competência e o talento. Ele não lamentava demitir uma pessoa graduada, ele lamentava a demissão ou desligamento de qualquer pessoa competente ou talentosa, graduada ou não.

Quando tenho que contratar alguém, uma das primeiras perguntas que eu faço é: o que você é? Se a pessoa responder, por exemplo, jornalista, considero que a conversa começou bem, mas se ele me responder, por exemplo, sou formado em jornalismo na ECA ou na Cásper Líbero ou em qualquer outra instituição, seja famosa ou de “Piraporinha da ponte que partiu”, a chance de admissão desse candidato cai para 10%. Por quê? Simples, quero um indivíduo que faça o serviço e não alguém que se formou nesse tipo de serviço. Considero que alguém que fale “sou formado” em primeiro lugar usa a sua formação como muletas, de um modo ou de outro. Até acredito que essa pessoa pode ser realmente competente, mas essa postura não me agrada, e essa mesma pessoa pode ter a tendência de se considerar mais merecedor de qualquer coisa do que os outros formados em outras faculdades e mais ainda dos não-graduados e pior, não respeitá-los por se considerar superior.

Ao invés de confiar no que está escrito num pedaço de papel chamado currículo ou proposta de emprego, prefiro confiar em testes. Se eu quero um técnico de bancada, um dos testes que eu faria é o seguinte: “eu monto um computador X em Y minutos, você tem que fazer em Z minutos”. Esse Z, pode ser igual ao Y, mas dependendo do que foi conversado na entrevista, pode ser um pouco mais ou menos. Se fosse um web designer, solicitaria que fizesse um site “simples” para uma loja de doces, contendo menu, algumas imagens e com layout definido por CSS com mínimo uso de tabelas. O que quero com isso? Conhecer a lógica de programação dele, sua velocidade de execução e qual o nível de importância ele dá a posicionamento e escolha de cores. Obviamente a estação não teria acesso a internet, pois ele pode copiar um site que já esteja pronto ou usar algum como referência.

Um teste que eu faria a um jornalista para cobrir informática em geral, deixaria ele escolher o seu tema favorito, daria um tempo limite conforme o tema, e lhe daria um estação para fazer o texto, mas apenas com o Wordpad e SEM ACESSO a internet. Por quê? Simples, ofereci a liberdade de escolher o tema, então pressuponho que ele tenha algum conhecimento do assunto; o Wordpad não tem corretor ortográfico ou qualquer outro tipo de assistente, preciso conhecer a fluência de seu estilo de escrever e se tem alguma noção mesmo que básica do português ou se é dependente de ferramentas para tal, e a ausência do acesso a internet é mais simples ainda: ele não tem como me enrolar de qualquer jeito, vai que ele já tenha um texto pronto em algum ponto da rede, só para ele fazer o download ou usar um Control+C/ Control+V, ou escolheu um assunto que seja quente ou que tenha percebido que eu goste e escolheu para me impressionar e como não sabe nada dele vai pesquisar na internet para ter as informações. Se o texto vai ser de opinião, análise de um produto, ou mercado, não importa, o que importa vai ser a qualidade.

Para muitos isso é considerado grosseiro e estúpido. O que faço é apenas por a prova com meus próprios métodos se o candidato sabe ou não sabe fazer o serviço, sem falar que com certeza vai demonstrar se tem equilíbrio emocional para encontrar uma saída numa situação de pressão como essa.

As melhores faculdades fazem no máximo uma melhor preparação, se a pessoa não tem talento ou capacidade, não adianta ter uma graduação da USP, PUC, Mackenzie, ITA no currículo ou num papel chamado diploma. Prefiro ter uma pessoa não graduada que faça competentemente ou talentosamente o serviço, do que um graduado que se valha do diploma para manter sua posição e status.

Que há um problema de qualidade em TODAS as instituições de ensino superior, sem dúvida, há. Se não houvesse, alunos da USP e funcionários não se mobilizariam para fazer greve. Há informações que há aproximadamente 17000 vagas de TI, mas não há profissionais para preencher essas vagas. E eu pergunto: será?

Se consideramos que essas empresas procuram graduados com pedigree, posso até acreditar, mas que não há gente competente para atuar nessas campos e preencher parte dessas vagas, eu me recuso!

Há muitos profissionais de TI muito bons, literalmente largados por aí em qualquer função, porque não tem condição de ter uma maldita graduação pelo menos da faculdade “Piraporinha da ponte que partiu”. Outra coisa que me recuso a aceitar é que muitas empresas (pequenas ou grandes) se comportam como se só existissem talentos nas instituições de pedigree. Se o berço do talento e empreendedorismo fossem as instituições de pedigree, todos os homens mais ricos do mundo teriam saído de qualquer uma delas, mas, a maioria desses homens, incluindo Willian Henry Gates III, não se formaram. Ele mesmo é uma exceção, ele começou a graduação em Direito (nada a ver com TI) e abandonou algum tempo depois por insistência de Paul Allen para fundar a Microsoft. Recentemente ele recebeu uma graduação simbólica de Harvard. Larry Ellisom, da Oracle também não é formado (pelo menos enquanto fez sua fortuna).

Outra coisa que vejo também é que as empresas se comportam ao estilo “matar formiga com canhão”. As vezes procuram um graduado para fazer uma função menor e com salário incompatível com o seu nível acadêmico, e um indivíduo bem graduado não vai se sujeitar a trabalhar nesse nível, acaba trabalhando fora dos país, ficando no meio acadêmico mesmo, ou vai abrir sua própria empresa.

Da mesma maneira que há bons profissionais não graduados, há uma penca de graduados que não valem nada, e pior, alguns de instituições de pedigree.

Quando uma pessoa tem talento, graduação é apenas um detalhe. Se a pessoa é competente, ela vai ser esforçar para fazer o trabalho da melhor maneira possível e vai procurar os meios para concluir o seu trabalho.

Muito se fala sobre talento, iniciativa, empreendedorismo, mas o que eu vejo é que tudo isso está sendo substituído por um pedaço de papel chamado diploma.

Contudo, não quero endemonizar as instituições de ensino superior, elas tem o seu papel na sociedade. O problema da qualidade das instituições de ensino superior está ligado intimamante ao descaso com o ensino fundamental. Se não há uma boa base, não teremos um indivíduo com educação suficiente para ingressar numa boa faculdade. Como ele precisa se graduar para ter um emprego (note bem, um emprego e não um bom emprego), as universidades acabam se prostituindo pelo lucro e com isso as distorções crescem.

O que eu espero do mercado é que ao invés de confiarem cegamente em graduações, ainda mais considerando o esquema da venda de vagas nessas instituições denunciado há algumas semanas na TV, é que façam testes de conhecimento coerentes e inerentes a função. A pessoa sabendo fazer o trabalho, todo o resto pode ser moldado.

Não adianta a pessoa ser graduada e ter um bom índice de inteligência emocional se ela não sabe executar o serviço na prática, pois com certeza o pessoal mais velho da casa que sabe fazer o serviço vão acabar se irritando com o fato do graduado ganhar mais, saber menos na prática e pior, ter baixa produtividade.

Não estou endemonizando os mecanismos de seleção existentes, a dinâmica de grupo, e a própria graduação também, eles têm o seu valor sem dúvida, mas foquem mais em procedimentos de seleção específicos e criteriosos para cada função. Ter um RH estruturado e se limitar a fazer apenas a dinâmica de grupo e uma entrevista com o chefe do setor é pouco, a pessoa deve ser testada e depois disso observada para ver se ele se encaixa no perfil de funcionário da empresa.

Eu mesmo passei por uma seleção desses moldes que considero não apropriado, e a empresa era grande, tinha um bom espaço para o RH fazer as seleções e proporcionar aos chefes ou responsáveis de setor fazer os testes que quisessem, mas não faziam! Resultado: fiz o meu trabalho totalmente desgostoso e esperava ser demitido, mas eles queriam me efetivar!!! Preferi me desligar.

Nessa bagunça, acabamos deixando um empreendedor no chão da fábrica, onde em muitos lugares a lei vigente é a do “proibido opinar e você nunca pensa, quem pensa é chefe” e nas lideranças, reina os graduados de muletas.

As distorções só vão deixar de existir quando colocarem as coisas nos trilhos, e o talento seja a principal diretriz de contratação de um individuo e nunca mais ser substituído.

A propósito, os cinco elementos essenciais a um lançamento contábil são: data, conta de crédito, conta de débito, valor e histórico.


Texto clonado de Um Site muito conhecido no ramo de informatica porem, muito interessante e educativo.

by Geeek

2 comentários:

M4xrafa disse...

muito bom cara
...

M4xrafa disse...

muito bom cara ... muito RØx ... ^^